quinta-feira, 30 de abril de 2009

Autogestão na Escola

Não sou anarquista, mas desde a adolescência me simpatizo com seus princípios. Aprecio muito vários aspectos de sua pedagogia (Pedagogia Libertária) entre os quais destaco a liberdade. Vou falar um pouquinho sobre a autogestão sob a ótica do anarquismo.

A mim, sempre me incomodou imposições, obviamente não dialogadas. O processo de ensino deve ter não só a participação dos professores e demais gestores da escola e sistema educacional em seu planejamento, mas também a de seus alunos e funcionários. Como fazer com que a escola seja um ambiente de agradável de produção e apropriação de saberes – pois é isto que a caracteriza – sem levar em conta suas especificidades e seu público? Conteúdos e regras impostas perdem seus significados, o que não ocorre quando se participa das decisões conjuntamente, pois todos a compartilham de forma democrática, a respeitam, e sabem o porquê de fazerem isto ou aquilo.

A escola nos moldes acima descritos, visa a adequação e normatização dos indivíduos para com a sociedade (capitalista) em questão. Não é levada em conta a liberdade de escolha na escola e fora dela. A escola como reprodutora repete a lógica dominante e, segundo o pensador francês Michel Foucault, constitui-se como “espaço onde o poder disciplinar produz o saber.” (Apud TRAGTENBERG.)

Sobre a escola enquanto reprodutora, sugiro que leiam o livro Escola, classe e luta de classes de Georges Snyders, no qual o autor fala a cerca da ambigüidade existente na escola: ao mesmo tempo em que ela opera para adequação dos indivíduos, operando seu caráter reprodutor das idéias da classe dominante, ela opera também no âmbito da libertação, pois pode atuar como conscientizadora da situação de oprimido do aluno, negando assim à alienação.

Não há dúvida que a escola, em qualquer sociedade, tende a renovar-se e ampliar seu âmbito de ação, reproduzir as condições de existência social formando pessoas aptas a ocupar os lugares que a estrutura social oferece. Com a religião e o esporte, a educação pode se constituir num instrumento do poder e, nessa medida, o professor é o instrumento da reprodução das desigualdades sociais em nível escolar. (TRAGTENBERG, 1986 : 42)

Segundo GALLO, o principio de educação autogestionários tem raízes na “psicoterapia institucional”, uma teoria de esquerda que une a psicanálise à uma visão política socialista. Com o passar do tempo,
esse processo de aplicação da psicanálise freudiana às micro-relações sociais que fundam qualquer instituição acabem por estender-se da psicologia propriamente dita para a psicossociologia e a sociologia e os terapeutas institucionais abrem-se para experiências com o urbanismo e o movimento estudantil, chegando também ao domínio da pedagogia. Como Carl ROGERS, que com sua psicologia existencial-humanista partiu da relação terapeuta-cliente para a relação professor-aluno, questionando seu autoritarismo e caminhando no sentido de uma não-diretividade, também os terapeutas institucionais trilharem este caminho, chegando à crítica institucional da escola e das microrrelações entre alunos e entre esses e o professor. (GALLO, 2007: 120 - 121)

A tendência pedagógica Tradicional, faz justamente o contrário do que é proposto por Rogers: o professor, centro do processo de aprendizagem e detentor do conhecimento, “deposita” no aluno os conteúdos de forma não dialogada, de maneira autoritária, e sem levar em conta seus conhecimentos prévios. A este tipo de educação, Paulo Freire chama de “bancária”.

Essa concepção de educação começa a mudar, segundo Georges LAPASSADE (apud GALLO, 2007: 118.), a partir de Rousseau com a “educação negativa”: o professor, renunciando sua autoridade de transmissor de mensagens, interage com os alunos através dos meios de ensino e deixa com que eles escolham os programas e os métodos de aprendizagem.
Se a autogestão terapêutica critica o autoritarismo da psiquiatria tradicional, a aplicação da análise institucional à pedagogia constitui-se numa crítica ao autoritarismo da relação pedagógica tradicional. O desenvolvimento desta reflexão psicossociológica no âmbito da instituição pedagógica provoca o surgimento daquela que ficou conhecida por “pedagogia institucional’, tendo por base a crítica à relação de poder na escola e a pratica da autogestão na sala de aula. (GALLO, 2007: 122)

A pedagogia institucional delimita o campo imediato de aplicação da autogestão pedagógica com precisão: o espaço interno da sala de aula; as instituições externas lhes escapam, não sendo possível agir sobre o conjunto da escola, nem mesmo sobre as formas ferais de seu funcionamento.

O trabalho autogestionário só pode ser feito na interioridade da sala de aula, onde as relações, não estando ainda instituídas, são instituintes. Aí reside sua diferença básica e sua crítica à pedagogia tradicional: enquanto esta parte das relações externas e as internaliza na sala de aula através da ação autoritária do professor, a pedagogia institucional, por outro lado, parte das mesmas regras e relações externas, mas recusa-se a internaliza-las autoritariamente, deixando ao conjunto de alunos a tarefa de organizar as relações internas do grupo. (GALLO, 2007: 127).

É preciso uma participação mais democrática dentro da escola, para que se resgate seu valor/sentido e para que se possa formar cidadãos autônomos, com consciência crítica, LIVRES. Acredito que somente desta forma podemos caminhar para uma educação de qualidade, e consequentemente, para um mundo melhor.

Termino este texto com uma frase da escritora Clarice Lispector, de seu livro Perto do Coração Selvagem: “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome”.

Bibliografia
GALLO, Silvio. Os limites de uma educação autogestionária: a experiência da “pedagogia Institucional”. in Pedagogia Libertária: anarquistas, anarquismos e educação. [São Paulo]: Imaginário : Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007, pp. 115-145.

TRAGTENBERG, Mauricio. Relações de Poder na escola. in Educação & Sociedade – Revista Quadrimestral de Ciências da Educação – Ano VII – Nº 20 – Jan/Abril de 1985 (1ª reimpressão – setembro de 1986). Campinas: CEDES/Unicamp; São Paulo: Cortez Editora, pp. 40-45.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Boot 2 Boot - Horrorpops


O título do post anterior faz referência à uma música de uma banda chamada HorrorPops. Eu a considero como sendo do gênero psychobilly, embora muitos não pensem assim. Esta música - Boot 2 boot - faz parte do novo cd deles, lançado no ano passado. Este é o terceiro cd da banda e, na minha opinião, um dos melhores. Sou suspeita para falar desta música pois é minha predileta do álbum... Mas vale MUITO a pena conferir as outras, que também são excelentes. Aliás, este álbum traz uma batida mais punk que os outros em suas canções e a música que dá nome ao álbum - kiss kiss kill kill - tem uma influência gótica também muito legal.


Segue aqui a letra e o vídeo da música Boot 2 Boot! Aproveitem!!!

Here we stand,
No cash on hand,
And now, man, have one demand.
We can make vagrants,
Abbreviated. Give us a reason

We’ve been persecuted,
Prosecuted,
Aggravated.
Everything that can you can possibly do to us, has been done.
A line has been drawn, Bring it on.

Here we go, Here we go, We’re not alone
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot, Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here’s your surprise, You can’t demise your lies.
It’s not a fight, But a way of life.
We will arise With a compromise.
We’ll been persecuted, Prosecuted, Aggravated.
Everything that can you can possibly do to us, has been done.
A line has been drawn, Bring it on.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot, Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot,
Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot,
Walking sideways.
Tired of being wrong.

domingo, 12 de abril de 2009

“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”


Porque “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher” (Simone de Beauvoir)