segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



Acabo de chegar de minha colação de grau oficial. Chorei bastante durante a cerimônia. Um curso tão difícil de se levar, com tantas barreiras, preconceitos e empecilhos no caminho, mas consegui. Senti (e ainda sinto) um misto de satisfação, medo, ansiedade e vazio. Cheguei até aqui, e agora? O que será daqui pra frente? Fiz tantos esforços, acreditei (acredito) em tantas utopias, e pra quê? Às vezes parece que foi inútil. Conseguirei ser aceita em minha profissão? Conseguirei contribuir pelo menos um pouco pra essa sociedade tão sem cor?

O vazio não pára na incerteza profissional. Trago outras questões não muito agradáveis dentro do peito, sobre amizades, mas disso prefiro não versar.

Porém, levo coisas muito boas também. Professores brilhantes, e uma amiga chamada Veridiana, que espero que não passe. Um estágio que gostaria que não acabasse, onde tanto aprendi. Sei lá, só queria desabafar, e estou escrevendo palavras sem muito sentido...

"E agora eu me pergunto e daí?
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado."


"Já estou cheio de me sentir vazio. Meu corpo é quente e estou sentindo frio. Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber. Afinal, amar o próximo é tão demodé."

domingo, 6 de setembro de 2009

O que é Educação?

Acabei de excluir minhas duas últimas postagens... Sempre faço isso quando acabo escrevendo coisas extremamente pessoais aqui, como forma de desabafo. Coincidentemente, todas as postagens que já deletei daqui trazem episódios de minha vida que prefiro esquecer.

Tenho passado por momentos difíceis em minha vida. Não só em âmbito pessoal, mas também no profissional. E a faculdade têm sido cada vez mais um peso, fazer este curso (Pedagogia) me é muito sofrido. Não é fácil pensar diferente de todo mundo, e menos fácil ainda é ser discriminada por isso.

Sobre a Pedagogia, acho uma pena que se tenha uma visão tão mediocre sobre ela, enquanto a Educação vai muito além da concepção docência-maternidade e educadoras(es) não tem de desepenhar o papel de mãe dos alunos, sendo uma professorinha Helena, doce e meiga, trabalhando na perfeita escolinha Carrossel. A Educação, como nos diz Paulo Freire, é um ato político, e é esse viés da Educação que quero encarar. Eu gosto do sujo, não quero trabalhar com a elite. Quero um trabalho com os excluídos, com o povo da periferia que conhece a dureza da vida, e não com uma criança mimada que aprendeu com os pais que pode desmerecer o trabalho de seu professor/a por "pagar o salário" dele/a.



Porém, à "Pedagogia Social" também faço severas críticas! O que tenho visto por aí são pessoas que se dizem educadoras sociais, não terem peito para subir um morro, uma favela, não conhecem a realidade da periferia e ainda a criticam ou a discriminam. O que vejo são os ditos "educadores sociais" desviando verba de projetos educativos com o povo, e outros fazendo vista grossa à isso. Há aqueles que conhecem esta realidade de exclusão e já pertenceram à ela, mas que se esqueceram disso.

Vejo ainda, alguns professores (pelo menos estes não se dizem educadores sociais) nos dizerem que devemos prestar concursos públicos, pois estudando numa PUC, passaremos com uma boa colocação e poderemos escolher escolas melhores no centro, e não na periferia! Isso me revolta! Uma escola do centro não tem violência ou pobres? Será que isso só existe na periferia? Será esse o destino da periferia, uma caminho de esquecimento e preconceito?

Na sociedade líquida, os valores têm se decomposto e não há outros que valores humanos e sólidos que ocupem este lugar. Pelo contrário, os valores que se proliferam estão apoiados na ética do mercado e consumo, na felicidade efêmera de curtição que Bauman também chama de amor líquido. O que importa hoje em dia é consumir e curtir, têm-se que ser "cool", descolado/a, de preferência seguir o padrão europeu de beleza e ter roupas, carro, celulares da moda, além de preferência "pegar" várias minas e caras para ser alguém. E quem ajuda a educar estas pessoas? Professorinhas meigas, bonitinhas e sem consciência crítica e política nenhuma, pois o que lhes interessa é fazer atividades cheias de glitter, seguir um livro didático medíocre sem criatividade...

Me desculpem, mas eu rejeito esse padrão de "Tia Cocota"! Não quero seguir o padrão estético de uma boa professorinha que não tenha piercings, tattoos ou cabelos tingidos, mas que também não saiba o valor político que tem a Educação... Uma boa professora se "mede" por seu comprometimento com sua prática educativa e não pela sua aparência!

Something Is Squeezing My Skull (Morrissey)

Something Is Squeezing My Skull, do Morrissey

I'm doing very well
I can blackout the present and the past now
I know by now you think I should have straightened myself out
Thank you, drop dead.

Oh, something is squeezing my skull
Something I can barely describe
There is no love in modern life

I'm doing very well
It's a miracle I've even made it this far
The motion of taxis excites me
When you peel it back and bite me

Oh, something is squeezing my skull
Something I can barely describe
There is no hope in modern life

Oh, something is squeezing my skull
Something I can't fight
No true friends in modern life

Diazepam as valium...temazepam...lithium

HRT...ECT...How long must I stay on this stuff?

Don't give me any more
Don't give me any more
Don't give me any more
Don't give me any more

Please don't give me anymore
Don't give me anymore
Don't give me anymore

You swore you would not give me anymore
Don't give me anymore
Don't give me anymore
Don't give me anymore

Please don't give me anymore
Don't give me anymore
Don't give me anymore

You swore you would not give me anymore
Don't give me anymore (hey)
Don't give me anymore (hey)
Don't give me anymore (hey)

Give me anymore (hey)
Give me anymore (hey)
Give me anymore (hey)
Give me anymore
Give me anymore
Give me anymore
Give me anymore

You swore, you swore, you swore
You swore you would not give me anymore
Give me any more
Give me any more

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Benny Goodman - All the Cats Join In

Esse vídeo é maravilhoso! Benny Goodman muito bem acompanhado! =D

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

e vid ente mente.

Em educação, tudo são evidências. Definitivas. Crenças.
Doutrinas. Dogmas. Ilusões. Palavras gastas. Inúteis.
O que é evidente, mente. Evidentemente.

António Nóvoa.



Simplesmente AMO estes dizeres do Nóvoa!
Beijos a todos e todas!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pedagogia Libertária: Anarquistas, Anarquismos e Educação

A educação ocupa posição central no ideário libertário (anarquista) e se expressa num duplo e concomitante movimento:
- a crítica à educação burguesa e aos métodos tradicionais, nos quais o autoritarismo é elemento chave, e
- a formulação da própria concepção pedagógica que se materializa na criação de escolas autônomas e autogeridas.

No aspecto crítico denuncia-se o uso da escola como instrumento de sujeição dos trabalhadores por parte do Estado, da Igreja e dos partidos. Tem como centro as figuras de Pierre-Joseph Proudhon e Mikhail Bakunin, consolidada nas experiências práticas de Paul Robin, no Orfanato Prévost, Sebastien Faure, com a comunidade-escola de La Ruche e de Francesc Ferrer i Guardiã, com sua Escuela Moderna de Barcelona. (p. 73)

Os anarquistas trabalharam com o conceito de uma educação integral, que envolveria de forma articulada no processo pedagógico três momentos: o de uma educação intelectual, voltada para o aprendizado dos conhecimentos científico-culturais acumulados pela humanidade; o de uma educação física, que cuidaria de educar o corpo – isso não era nada comum nas escolas do séc. dezenove -, subdividindo-se numa educação física como a conhecemos hoje, voltada para a saúde e os esportes e numa educação manual que cuidaria, na primeira infância, de desenvolver e afinar as habilidades sensório-motoras e, mais tarde, iniciaria os indivíduos no aprendizado profissional; e o de uma educação moral, voltada para a vivência na coletividade e para a construção da solidariedade e da liberdade, como bases para a construção de uma sociedade justa. (p. 74)

O capítulo “Educação e Liberdade: a experiência da escola Moderna de Barcelona” fala sobre a experiência de Ferrer na Escola. Executado pelo governo espanhol em 1909, em razão de sua militância libertária, seu maior esforço foi divulgar e disseminar os conhecimentos científicos e o debate ético anarquista como forma de colaboração na construção social da liberdade.

Bibliografia
GALLO, Silvio. “Pedagogia libertária: anarquistas, anarquismos e educação.” São Paulo: Imaginário; Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007.

Saiba mais
Se quiser saber um pouco sobre Autogestão na Escola, você pode ver meu post sobre este tema: http://neurolepticos.blogspot.com/2009/04/autogestao-na-escola.html


Proudhon e seus filhos, por Gustave Courbet (1865)

domingo, 16 de agosto de 2009

Ella Mae Morse

Um pouco de música por aqui... Ella Mae Morse!







Enjoy!!!

*Ouvindo Ella Mae Morse - Razzle Dazzle (amoooo esta!)*

domingo, 2 de agosto de 2009

A Morte do Leiteiro - Carlos Drummond de Andrade

Um belíssimo poema...

A Morte do Leiteiro
Carlos Drummond de Andrade

Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro…
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue… não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.




Veja como fica na voz do próprio autor:

terça-feira, 21 de julho de 2009

AMIZADE

É inevitável que o jogo de interesses chamado amizade seja bastante volúvel. Por exemplo, quando, e apenas enquanto, algum indivíduo é nosso amigo, nós o bajulamos, elogiamos, enaltecemos; fazemos todo o possível para agradá-lo. Afirmamos repetidamente aos nossos amigos o quanto são importantes, virtuosos, inestimáveis. Em regra, isso tudo são mentiras descaradas; dizemos tais coisas apenas para iludi-los com um sentimento falso de importância a fim de que permaneçam do nosso lado. Amizades exigem que mintamos o tempo todo. Não são poucas as situações em que nos vemos forçados a defender nossos amigos de acusações que sabemos ser verdadeiras; se não mentirmos em sua defesa, perderemos sua amizade. Por outro lado, para resguardar a relação, calamo-nos sobre muitos dos defeitos que vemos, sobre muito do que realmente pensamos a respeito de nossos amigos. Em geral, somente descobriremos a verdade sobre o que se pensava a nosso respeito depois que certo indivíduo, talvez por uma desavença pessoal, deixar de ser nosso amigo. Antes disso, tudo o que tínhamos eram dois indivíduos que mentiam um ao outro por interesse. Apenas depois do fim da amizade a honestidade pode realmente vir à tona sem prevenções; o indivíduo torna-se livre para dizer aquilo que, em segredo, sempre pensou a nosso respeito; muitas vezes suas palavras nos chocam, pois talvez pensássemos que, pelo simples fato de ser nosso amigo, tudo o que o indivíduo dizia a nosso respeito era sincero. O sancta simplicitas!

ORIGINALMENTE PUBLICADO EM: http://niilismo.net/reflexoes/amizade.php

domingo, 14 de junho de 2009

Clarices, Pessoas, Bandeira, Cecílias...


"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.
(...)
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-rne,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.
(...)
Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ..."
Passagem das Horas - Álvaro de Campos



"Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado, O grito ficara me batendo dentro do peito."
A Paixão segundo G.H. - Clarice Lispector



"A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna."
(...)
Teresa - Manuel Bandeira



"Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?"
Retrato - Cecília Meireles



"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
(...)
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Poema em Linha Reta - Álvaro de Campos

sábado, 13 de junho de 2009

Brincar com as crianças não é perder tempo...


"Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo, se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem".
(Carlos Drummond de Andrade)

Limpeza

Decidi apagar dois posts daqui do blog, sob o título de "Tired of being wrong" e "Cenas de um próximo capítulo". Ambos tratavam de estereótipos e pré-conceitos em minha profissão. Escreverei outro post depois sobre o tema, mas quis apagar estes por trazerem questões pessoais que prefiro passar uma borracha.
Beijos a todos,
Danny Lee.

sábado, 16 de maio de 2009

Uma questão de gênero?


Será a toa que o Cebolinha não quer mais brincar de casinha?
Não, meus caros. Culturalmente, nós aprendemos que meninas brincam de bonecas e casinha e meninos de carrinho. Asseguro-lhes que isto não é por acaso.
Não é interessante introgetar desde a tenra idade nos meninos que eles têm o mundo inteiro para conquistar com seus "carrinhos", pois quando chegarem a suas casas de seus trabalhos encontrarão suas esposas submissas e boas donas de casa cuidando de seus filhinhos? Para alguns é sim. Para a maioria isso passa despercebido, e sendo assim, torna-se algo natural. Isto significa que se esquece de que nada é inato, mas sim construído socialmente.
Como educadora, eu defendo que não ensinemos isto para nossas crianças. É preciso tomar muito cuidado em nossas atitudes, pois é a partir delas que nossas crianças aprendem e não pelo que falamos.
É imprescindível que as pessoas, e principalmente os educadores e educadoras discutam e reflitam a cerca das questões de gênero.
Nada é neutro. E o padrão de nossa sociedade é o homem branco, de olhos azuis, alto, rico e heterossexual. As minorias como os negros, homossexuais, índios ou qualquer um que fuja dos padrões impostos são, não só descriminados, como oprimidos.
O que justifica as mulheres ganharem menos, terem dupla ou tripla jornada de trabalho, ou "terem" de ser frágeis e delicadas?
O fato de um garoto brincar de boneca não fará dele gay, embora eu ache que não haveria problema algum se ele viesse a ser. Acredito que, como diz Freud, a criança terá sua sexualidade definida conforme sua identificação ainda no Complexo de Édipo. Supondo que a identificação de João seja com seu pai, por mais que ele brinque de casinha, não será homossexual. E nem sei se é isto mesmo que determina a sexualidade de alguém. Acho que pode haver outros valores, até como a curiosidade pelo mesmo sexo (não confunda isto com a modinha instalada em algumas tribos pré-adolescentes), enfim, há muito que se pensar ou conhecer sobre isto, entretanto não vou aprofundar este assunto por não ser o ponto central deste post. Mesmo assim, vale lembrar que acho inaceitáveis argumentos como "o homossexualismo é genético" ou "a homossexualidade é uma doença". Tais afirmações são perigosíssimas e levam a um preconceito maior ainda, além de se correr o risco de que se queira eliminar esses genes em busca de pessoas puras e dignas - os heterossexuais. Fui irônica e alguns podem pensar que exagerada, mas isto não é exagero nenhum, uma vez que constantes são as notícias de neonazismo; logo não me surpreenderia, infelizmente, se ouvisse este argumento a respeito dos gays em algum lugar, mesmo porque, há algumas décadas, homossexuais eram inclusive internados em clínicas psiquiátricas.
Voltando às questões de gênero, é preciso rever os conceitos de mulher que se tem nos dias atuais. Não só de mulher, mas de família. Não temos mais a típica família Doriana: mamãe, papai e um casal de filhinhos. Muitos provedores são as mães sozinhas, ou ainda, tanto pai quanto a mãe, casais gays – tanto de homens quanto de mulheres, ou por algum familiar. As mulheres exercem perfeitamente bem funções tipicamente masculinas, e não se trata de uma questão de gênero, e sim de jeito para tal função. Isto não faz dela superior ao homem. Acho importante ressaltar que o feminismo não é o contrário do machismo e assim prega a superioridade da mulher. O feminismo acredita na IGUALDADE DE DIREITOS E DEVERES entre ambos os sexos. É nisto que acredito: no feminismo. No feminismo e em suas conquistas que chegam inclusive numa visão mais crítica de currículo escolar.

domingo, 10 de maio de 2009

Era uma vez: Arte Conta Histórias do Mundo



A mostra Era uma Vez: Arte Conta Histórias do Mundo é uma viagem lúdica pelo universo dos contos de fadas de vários países do mundo que possuem tradição narrativa.

Com enfoque nos autores Charles Perrault, Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, a mostra, que tem curadoria da pesquisadora Kátia Canton, propõe uma relação entre a arte e a literatura dos contos de fadas, através da exposição contextualizada de ilustrações contemporâneas de artistas brasileiros, objetos e esculturas.

O público terá a oportunidade de apreciar as ilustrações em papel e outros suportes criadas por Beatriz Milhazes e Guto Lacaz, entre outros.

Paralelo a exposição acontece uma atividade especial: contação de histórias por convidados, a partir do universo da mostra. Todos os sábados, às 16h, no Térreo do CCBB.


Veja a Agenda do Mês:

2 de maio
O Patinho Feio, com Kiara Terra

9 de maio
O Soldadinho de Chumbo e outros Brinquedos de Andersen, com Giba Pedroza

16 de maio
João e Maria, com Kiara Terra

23 de maio
Entre Cantos e Encantos, com Giba Pedroza

30 de maio
A Bela Adormecida do Bosque, com Kiara Terra


Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - São Paulo
(próximo às estações Sé e São Bento do Metrô)
Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652
bb.com.br/cultura

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Autogestão na Escola

Não sou anarquista, mas desde a adolescência me simpatizo com seus princípios. Aprecio muito vários aspectos de sua pedagogia (Pedagogia Libertária) entre os quais destaco a liberdade. Vou falar um pouquinho sobre a autogestão sob a ótica do anarquismo.

A mim, sempre me incomodou imposições, obviamente não dialogadas. O processo de ensino deve ter não só a participação dos professores e demais gestores da escola e sistema educacional em seu planejamento, mas também a de seus alunos e funcionários. Como fazer com que a escola seja um ambiente de agradável de produção e apropriação de saberes – pois é isto que a caracteriza – sem levar em conta suas especificidades e seu público? Conteúdos e regras impostas perdem seus significados, o que não ocorre quando se participa das decisões conjuntamente, pois todos a compartilham de forma democrática, a respeitam, e sabem o porquê de fazerem isto ou aquilo.

A escola nos moldes acima descritos, visa a adequação e normatização dos indivíduos para com a sociedade (capitalista) em questão. Não é levada em conta a liberdade de escolha na escola e fora dela. A escola como reprodutora repete a lógica dominante e, segundo o pensador francês Michel Foucault, constitui-se como “espaço onde o poder disciplinar produz o saber.” (Apud TRAGTENBERG.)

Sobre a escola enquanto reprodutora, sugiro que leiam o livro Escola, classe e luta de classes de Georges Snyders, no qual o autor fala a cerca da ambigüidade existente na escola: ao mesmo tempo em que ela opera para adequação dos indivíduos, operando seu caráter reprodutor das idéias da classe dominante, ela opera também no âmbito da libertação, pois pode atuar como conscientizadora da situação de oprimido do aluno, negando assim à alienação.

Não há dúvida que a escola, em qualquer sociedade, tende a renovar-se e ampliar seu âmbito de ação, reproduzir as condições de existência social formando pessoas aptas a ocupar os lugares que a estrutura social oferece. Com a religião e o esporte, a educação pode se constituir num instrumento do poder e, nessa medida, o professor é o instrumento da reprodução das desigualdades sociais em nível escolar. (TRAGTENBERG, 1986 : 42)

Segundo GALLO, o principio de educação autogestionários tem raízes na “psicoterapia institucional”, uma teoria de esquerda que une a psicanálise à uma visão política socialista. Com o passar do tempo,
esse processo de aplicação da psicanálise freudiana às micro-relações sociais que fundam qualquer instituição acabem por estender-se da psicologia propriamente dita para a psicossociologia e a sociologia e os terapeutas institucionais abrem-se para experiências com o urbanismo e o movimento estudantil, chegando também ao domínio da pedagogia. Como Carl ROGERS, que com sua psicologia existencial-humanista partiu da relação terapeuta-cliente para a relação professor-aluno, questionando seu autoritarismo e caminhando no sentido de uma não-diretividade, também os terapeutas institucionais trilharem este caminho, chegando à crítica institucional da escola e das microrrelações entre alunos e entre esses e o professor. (GALLO, 2007: 120 - 121)

A tendência pedagógica Tradicional, faz justamente o contrário do que é proposto por Rogers: o professor, centro do processo de aprendizagem e detentor do conhecimento, “deposita” no aluno os conteúdos de forma não dialogada, de maneira autoritária, e sem levar em conta seus conhecimentos prévios. A este tipo de educação, Paulo Freire chama de “bancária”.

Essa concepção de educação começa a mudar, segundo Georges LAPASSADE (apud GALLO, 2007: 118.), a partir de Rousseau com a “educação negativa”: o professor, renunciando sua autoridade de transmissor de mensagens, interage com os alunos através dos meios de ensino e deixa com que eles escolham os programas e os métodos de aprendizagem.
Se a autogestão terapêutica critica o autoritarismo da psiquiatria tradicional, a aplicação da análise institucional à pedagogia constitui-se numa crítica ao autoritarismo da relação pedagógica tradicional. O desenvolvimento desta reflexão psicossociológica no âmbito da instituição pedagógica provoca o surgimento daquela que ficou conhecida por “pedagogia institucional’, tendo por base a crítica à relação de poder na escola e a pratica da autogestão na sala de aula. (GALLO, 2007: 122)

A pedagogia institucional delimita o campo imediato de aplicação da autogestão pedagógica com precisão: o espaço interno da sala de aula; as instituições externas lhes escapam, não sendo possível agir sobre o conjunto da escola, nem mesmo sobre as formas ferais de seu funcionamento.

O trabalho autogestionário só pode ser feito na interioridade da sala de aula, onde as relações, não estando ainda instituídas, são instituintes. Aí reside sua diferença básica e sua crítica à pedagogia tradicional: enquanto esta parte das relações externas e as internaliza na sala de aula através da ação autoritária do professor, a pedagogia institucional, por outro lado, parte das mesmas regras e relações externas, mas recusa-se a internaliza-las autoritariamente, deixando ao conjunto de alunos a tarefa de organizar as relações internas do grupo. (GALLO, 2007: 127).

É preciso uma participação mais democrática dentro da escola, para que se resgate seu valor/sentido e para que se possa formar cidadãos autônomos, com consciência crítica, LIVRES. Acredito que somente desta forma podemos caminhar para uma educação de qualidade, e consequentemente, para um mundo melhor.

Termino este texto com uma frase da escritora Clarice Lispector, de seu livro Perto do Coração Selvagem: “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome”.

Bibliografia
GALLO, Silvio. Os limites de uma educação autogestionária: a experiência da “pedagogia Institucional”. in Pedagogia Libertária: anarquistas, anarquismos e educação. [São Paulo]: Imaginário : Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007, pp. 115-145.

TRAGTENBERG, Mauricio. Relações de Poder na escola. in Educação & Sociedade – Revista Quadrimestral de Ciências da Educação – Ano VII – Nº 20 – Jan/Abril de 1985 (1ª reimpressão – setembro de 1986). Campinas: CEDES/Unicamp; São Paulo: Cortez Editora, pp. 40-45.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Boot 2 Boot - Horrorpops


O título do post anterior faz referência à uma música de uma banda chamada HorrorPops. Eu a considero como sendo do gênero psychobilly, embora muitos não pensem assim. Esta música - Boot 2 boot - faz parte do novo cd deles, lançado no ano passado. Este é o terceiro cd da banda e, na minha opinião, um dos melhores. Sou suspeita para falar desta música pois é minha predileta do álbum... Mas vale MUITO a pena conferir as outras, que também são excelentes. Aliás, este álbum traz uma batida mais punk que os outros em suas canções e a música que dá nome ao álbum - kiss kiss kill kill - tem uma influência gótica também muito legal.


Segue aqui a letra e o vídeo da música Boot 2 Boot! Aproveitem!!!

Here we stand,
No cash on hand,
And now, man, have one demand.
We can make vagrants,
Abbreviated. Give us a reason

We’ve been persecuted,
Prosecuted,
Aggravated.
Everything that can you can possibly do to us, has been done.
A line has been drawn, Bring it on.

Here we go, Here we go, We’re not alone
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot, Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here’s your surprise, You can’t demise your lies.
It’s not a fight, But a way of life.
We will arise With a compromise.
We’ll been persecuted, Prosecuted, Aggravated.
Everything that can you can possibly do to us, has been done.
A line has been drawn, Bring it on.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot, Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot,
Walking sideways.
Tired of being wrong.

Here we go, Here we go, We’re not alone,
Do you want to follow, follow, follow?
Well, here we run, On the lamb,
That was something out of hand.
We have been Boot to boot,
Walking sideways.
Tired of being wrong.

domingo, 12 de abril de 2009

“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”


Porque “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher” (Simone de Beauvoir)