segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Benny Goodman - All the Cats Join In

Esse vídeo é maravilhoso! Benny Goodman muito bem acompanhado! =D

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

e vid ente mente.

Em educação, tudo são evidências. Definitivas. Crenças.
Doutrinas. Dogmas. Ilusões. Palavras gastas. Inúteis.
O que é evidente, mente. Evidentemente.

António Nóvoa.



Simplesmente AMO estes dizeres do Nóvoa!
Beijos a todos e todas!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pedagogia Libertária: Anarquistas, Anarquismos e Educação

A educação ocupa posição central no ideário libertário (anarquista) e se expressa num duplo e concomitante movimento:
- a crítica à educação burguesa e aos métodos tradicionais, nos quais o autoritarismo é elemento chave, e
- a formulação da própria concepção pedagógica que se materializa na criação de escolas autônomas e autogeridas.

No aspecto crítico denuncia-se o uso da escola como instrumento de sujeição dos trabalhadores por parte do Estado, da Igreja e dos partidos. Tem como centro as figuras de Pierre-Joseph Proudhon e Mikhail Bakunin, consolidada nas experiências práticas de Paul Robin, no Orfanato Prévost, Sebastien Faure, com a comunidade-escola de La Ruche e de Francesc Ferrer i Guardiã, com sua Escuela Moderna de Barcelona. (p. 73)

Os anarquistas trabalharam com o conceito de uma educação integral, que envolveria de forma articulada no processo pedagógico três momentos: o de uma educação intelectual, voltada para o aprendizado dos conhecimentos científico-culturais acumulados pela humanidade; o de uma educação física, que cuidaria de educar o corpo – isso não era nada comum nas escolas do séc. dezenove -, subdividindo-se numa educação física como a conhecemos hoje, voltada para a saúde e os esportes e numa educação manual que cuidaria, na primeira infância, de desenvolver e afinar as habilidades sensório-motoras e, mais tarde, iniciaria os indivíduos no aprendizado profissional; e o de uma educação moral, voltada para a vivência na coletividade e para a construção da solidariedade e da liberdade, como bases para a construção de uma sociedade justa. (p. 74)

O capítulo “Educação e Liberdade: a experiência da escola Moderna de Barcelona” fala sobre a experiência de Ferrer na Escola. Executado pelo governo espanhol em 1909, em razão de sua militância libertária, seu maior esforço foi divulgar e disseminar os conhecimentos científicos e o debate ético anarquista como forma de colaboração na construção social da liberdade.

Bibliografia
GALLO, Silvio. “Pedagogia libertária: anarquistas, anarquismos e educação.” São Paulo: Imaginário; Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007.

Saiba mais
Se quiser saber um pouco sobre Autogestão na Escola, você pode ver meu post sobre este tema: http://neurolepticos.blogspot.com/2009/04/autogestao-na-escola.html


Proudhon e seus filhos, por Gustave Courbet (1865)

domingo, 16 de agosto de 2009

Ella Mae Morse

Um pouco de música por aqui... Ella Mae Morse!







Enjoy!!!

*Ouvindo Ella Mae Morse - Razzle Dazzle (amoooo esta!)*

domingo, 2 de agosto de 2009

A Morte do Leiteiro - Carlos Drummond de Andrade

Um belíssimo poema...

A Morte do Leiteiro
Carlos Drummond de Andrade

Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morados na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro…
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue… não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.




Veja como fica na voz do próprio autor: